Pele

Perdi-me na frívola desventura Do não ser, dar-te sem nada de mim Mais querer, pintar-te de querubim E redomas de mentira, de ternura.

Foi pelos ventos alados da tortura Que me encontrei, longe, perto do fim Da escarpa onde as águias gritam sim À pressa e nas preces de tal loucura.

De lá voltei, inteiro, tatuado, Cravado na pele que ainda minto De marcas de sonhos e de passado.

E se um dia, lá nos confins da sorte, Te for cara a lembrança do que sinto, Do que sei e, sou, não temas. Sou forte.