Amigos Imaginários
Acho que sempre tive uns quantos amigos imaginários que se confundem comigo, Umas personagens, muito premiáveis aos tempos e às companhias, que sempre fizeram parte de mim. Talvez por serem também eu ou mim nunca foi problema: não são amigos com vidas próprias nem famílias próprias nem pessoas próprias. São eu em versões várias, apropriadas ou desapropriadas às situações, conforme me for mais divertido. são também amigos que eu trago para me fazerem companhia no aborrecimento de estar sozinho no meio de pessoas. Só as pessoas com quem não estou sozinho me têm, ou só a mim ou eu com as personagens todas, todas ao mesmo tempo. Eu a ser meu amigo, portanto.
Não há mal nenhum em ter-se amigos imaginários, desde que os não partilhemos com ninguém. Partilhar amigos imaginários dá muita confusão, depois ninguém concorda em como os adorar. Muita guerra se travou, em particular aquelas com números redondos de anos que não coincidem com as datas reais como a guerra dos 80 anos (entre a Espana e Holanda) e pior, a dos 30 anos (entre todos contra todos). Foi tudo para se decidir o que se tolera como forma válida de adorar um amigo imaginário, e a bem dizer, o pai do amigo menino imaginário. Morreu muita gente claro, morre por tanta coisa... Ao menos criaram-se as bases para a diplomacia moderna.